COMO FUNCIONAM AS ELEIÇÕES AMERICANAS?


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Acompanhamos nas últimas semanas a eleição americana de 2020 e manchetes como “Biden vira no Michigan”, “Trump sai na frente na Geórgia” e “Quem ganhará na Pensilvânia?” fizeram parte desse processo. Enquanto víamos a apuração de votos seguir estado por estado, perguntávamo-nos como esse sistema funciona e qual a sua origem.

Como surgiu a eleição americana?

Após uma longa guerra com o Império Britânico (uma monarquia), os pais fundadores dos Estados Unidos decidiram pela criação de uma república, a primeira desde os tempos romanos. Mas quem deveria governá-la?

No verão de 1787, os signatários da constituição decidiram que o novo país teria um poder executivo eleito, mas discordaram a respeito da forma de escolher esse presidente. Vários sistemas foram propostos, discutidos e rejeitados principalmente porque os estados do sul eram contra uma eleição direta. A população do sul dos Estados Unidos era muito pequena se comparada à população dos estados do norte, o que significaria subjugar o sul ao norte.

Depois de muita discussão chegou-se a um sistema em que tanto a população quanto o Estado poderiam participar da escolha do presidente, um misto de votação direta e indireta. Era a formação do colégio eleitoral.

Como funciona o colégio eleitoral?

A eleição presidencial é geralmente retratada como uma batalha por estados e seus delegados no colégio eleitoral. Quem chegar a 270 votos dos 538 delegados vence. Então, em vez de trabalhar para ganhar o maior número de votos, Trump e Biden precisaram reunir vitórias estaduais para chegar aos 270 delegados.

Isso significa que quando Donald Trump venceu no Alasca, os três delegados de seu partido no estado tornaram-se seus três eleitores oficiais. Os 538 delegados votam para presidente em seus respectivos estados numa cerimônia no mês de dezembro.

O que são os estados-chave (swing states)?

Democratas e republicanos desenvolveram bases sólidas em uma série de estados, de forma que todos sabem de antemão qual será o resultado naqueles estados. A Califórnia, por exemplo, é majoritariamente democrata, enquanto o Texas é de maioria republicana. Seria muito difícil — para não dizer impossível — o partido oposto vencer nesses estados.

No entanto, outros estados não têm uma maioria fixa de eleitores, podendo vencer tanto democratas quanto republicanos, sendo por isso chamados de swing states (“estados oscilantes”, em tradução livre). Por sua imprevisibilidade, são esses os estados que muitas vezes determinam a maioria de delegados no colégio eleitoral.

O que torna o sistema eleitoral americano imprevisível é seu sistema de winner takes all (“o vencedor leva tudo”). Não faz diferença se Joe Biden ganhou no estado de Nova York por uma margem de 10 ou de 30 pontos de vantagem. No sistema eleitoral americano, aquele que forma maioria no estado leva todos os seus delegados. Da mesma forma, Donald Trump venceu na Flórida por uma média de 4% de vantagem e conquistou o voto dos 29 delegados do estado.

Controvérsias não são raras na disputa. Nas eleições americanas de 2016, Hilary Clinton somou mais votos totais do que o oponente Donald Trump, mas o republicano acabou eleito presidente por formar a maioria de delegados no colégio eleitoral. Esse sistema pode nos parecer confuso e às vezes injusto, talvez por ser tão distinto do sistema eleitoral brasileiro.

Apesar de suas peculiaridades, o colégio eleitoral foi idealizado pelos signatários da constituição americana, a mesma em vigor desde 1789, como forma de conciliar todas as possíveis divergências a esse processo democrático. A eleição por meio de delegados é a forma com que os Estados Unidos garantem que todo estado, todo condado, seja representado e a eleição não seja decidida apenas pelas regiões mais populosas do país.