A EDUCAÇÃO DO NOVO SÉCULO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Problemas de alfabetização, baixos índices em testes internacionais e evasão escolar são manchetes frequentes quando o assunto é a educação brasileira. Diante disso, fica o questionamento: por que a educação do século XXI ainda segue currículos dos séculos XIX e XX? O psicólogo belga Filip de Fruyt oferece uma alternativa a esses modelos para o currículo do novo século.

Em seu trabalho, de Fruyt menciona resultados de pesquisas em psicologia positiva que mostram o melhor desempenho educacional de jovens e crianças que desenvolveram suas habilidades socioemocionais. Ou seja, alunos que melhor gerenciam suas emoções adaptam-se melhor aos desafios dentro e fora da sala de aula, assim obtendo melhores resultados.

Não há restrição de idade para se desenvolver socioemocionalmente. Por isso, de Fruyt defende que essas habilidades sejam trabalhadas desde cedo, para que o estudante se beneficie dessa vantagem adaptativa o quanto antes.

A proposta de Filip de Fruyt é desafiadora, pois o desenvolvimento socioemocional envolve três habilidades complexas: (1) estar atento à capacidade de cada um de gerenciar suas emoções, (2) ser capaz de falar sobre isso e (3) encontrar uma maneira de resolver os desafios que surgirão ao longo da vida.

Os resultados do desenvolvimento socioemocional de crianças e adolescentes é visível em sua relação com a família, amigos e colegas e no contexto escolar. Isso ocorre porque o estudante começa a expressar suas ideias e opiniões com convicção, estabelecendo conexões duradouras; ele também se sente mais motivado a realizar suas tarefas e a atingir objetivos (pessoais e curriculares); sua rede de relações faz com que mantenha uma mente aberta a novas ideias, o que o leva a explorar o mundo e facilita o aprendizado; e, além disso, acaba por tornar o jovem mais resiliente aos desafios e dificuldades.

Um ponto importante da visão de De Fruyt diz respeito à conciliação entre o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e o ensino do conteúdo curricular. Eles devem ser praticados e ensinados simultaneamente, de modo que um se entrelace no outro.

O professor desempenha um papel fundamental nesse modelo de educação. É ele o profissional responsável pelo fator humano. Para Filip de Fruyt, os “professores são facilitadores para fazer as crianças se tornarem ‘quem são’, respeitando suas individualidades, diferenças e identidades”. Cabe destacar que o desenvolvimento socioemocional sempre foi o objetivo da educação, mas vinha sendo negligenciado ou trabalhado de maneira muito indireta. O currículo do século XXI é aquele que inclui intencionalmente a preocupação com as competências socioemocionais, buscando maximizar os benefícios ao desenvolvimento dos alunos.