O QUE FAZER PARA APRENDER MELHOR

 

 

O modelo da educação como um processo passivo não representa a realidade do ensino, muito menos do processo de aquisição do conhecimento. A visão de que o conhecimento é transmitido passivamente do professor para o aluno é desmentida por diversas teorias pedagógicas. Comprovando este argumento, selecionamos duas pedagogias bastante distintas e distantes no tempo: a de Hugo de São Vitor (1096 – 1141) e a de Jean Piaget (1896 – 1980).

De dentro de um monastério medieval, Hugo de São Vitor defendia que memória e aprendizado estão intimamente ligados. Só podemos afirmar que sabemos algo se formos capazes de lembrá-lo. Uma informação que não consigo mais recordar é tão desconhecida quanto uma com que nunca tive contato. Nosso cérebro, porém, tem a tendência de resistir a novas informações, por isso decorar algo novo nos parece tão difícil. Se precisamos decorar uma sequência numérica, como uma senha de banco, por exemplo, normalmente escolhemos alguma data significativa, algo que nos é familiar. Por que decorá-la parece mais fácil dessa forma?

O primeiro estágio do aprendizado para Jean Piaget é um processo que ele chamou de “assimilação”, por defender que o aprendizado se dá a partir de associação com algo que já foi memorizado pelo cérebro, algo que já nos é familiar.

A memória desempenha um importante papel na pedagogia tanto de Piaget, como na de Hugo de São Vitor. Este defendia que a memória não deve ser a base do conhecimento finalizado. Em outras palavras, decorar algo não consiste um conhecimento. A memória não serve para ser um armazém de pensamentos: ela é um recurso da mente e deve ser consultada a cada dia. Para criar uma conexão neural mais duradoura, os conceitos depositados na memória devem ser meditados.

O que Hugo de São Vitor chama de meditação é algo muito diferente do conceito que temos hoje em dia. Refere-se a um ato da inteligência que visa à “ruminação” do conhecimento adquirido, seja por meio de leitura, seja por meio de exposição. É um lapidar de conceitos simplórios e abstratos.

O processo de meditação se dá através de uma investigação prudente. Inicia-se pela exposição do aluno ao conhecimento (ao ler ou assistir a uma aula), mas só se concretiza mais tarde, ao rastrear as origens e causas. Meditar, para Hugo de São Vitor, é perguntar-se: De onde vem essa ideia? Por que alguém pensou dessa maneira? No que realmente esse autor acredita? A busca incessante por essas respostas será o guia do estudante no caminho do conhecimento.