FIQUE EM CASA, MAS NÃO APENAS FIQUE

 

 

O começo de julho marca o início da segunda metade de 2020. No entanto, grande parte das expectativas, projetos e sonhos que cultivávamos para o ano foi frustrada. Ameaçados por um vírus, não há muito que possamos fazer além de cuidar da nossa prevenção, e parte desse esforço passa pelas medidas de distanciamento social que vivemos no Brasil desde março. Após meses em casa, sem perspectivas de retorno à normalidade, vivemos um cenário de temor e ansiedade generalizados e frequentemente nos perguntamos: quando tudo isso vai acabar?

Nesse meio-tempo, não só trabalhamos; desfrutamos também de momentos de lazer em casa. Algumas plataformas de streaming e canais de televisão a cabo estão disponibilizando conteúdo de forma gratuita em apoio à campanha “Fique em Casa”, e uma ampla variedade de shows está sendo transmitida ao vivo no YouTube ou no Instagram. Com todas essas opções de entretenimento, por que reclamar da quarentena? O que faz com que não nos sintamos completos? A verdade é que os momentos de conforto que temos em casa são capazes de entreter, não de satisfazer.

O ser humano só se sente completo quando detém meios de ação. Nossa sensação de impotência diante da ameaça do COVID-19 tem sido a maior difusora de medo, ansiedade e insegurança no momento. É importante não deixar que essas sensações nos paralisem. Em vez de se questionar quando tudo voltará ao normal, precisamos concentrar forças naquilo que pode ser feito. Temos de agir dentro do espaço que temos, e nosso primeiro ambiente de ação é o lar.

Por que não usar esse tempo em casa para seu desenvolvimento pessoal e profissional? Há uma série de cursos gratuitos de fácil acesso na internet. E porque apenas cursos gratuitos? Por que não investir em si mesmo? O aprendizado de um novo idioma é um processo lento que exige prática. Por que não investir uma hora de seu lazer em praticar inglês, por exemplo? Desafie-se a assistir aquele seu filme predileto novamente, só que em inglês e sem legendas. Converse com pessoas reais, também em isolamento, nos mais diversos países.

Apesar de necessitarmos de alguns momentos de distração de tempo em tempos, não se deixe dispersar. Não há nada mais frustrante do que um sonho vítima do tempo perdido. O mundo tecnológico que nos cerca estimula e recompensa dispersões, o que gera grande parte de nossa ansiedade e falta de foco. Portanto, é impossível que esse foco venha de fora e de maneira passiva; ele tem de vir de dentro e de maneira ativa, caso contrário, não se sustentará. Para isso, mantenha uma clara fronteira entre tempo dedicado ao ócio e tempo de trabalho/estudo — crie uma tabela de horários se julgar necessário.

Muito mais pode ser feito em casa (como leitura, atividade física, jogos em família, e outras sugestões que serão abordadas em detalhe nos próximos textos do blog); porém, só fará sentido o que for ação de um indivíduo plenamente consciente do momento vivido. Apenas longe da ansiedade e da dispersão de foco podemos dizer “eu” — e não se vive plenamente sem se assumir o protagonismo da própria vida.